Dissonante

“Tuas mãos me seguravam quando minha enfermidade enfraquecia e entorpecia minha mente, insana tantas vezes. Sempre que estava sucumbindo recordava do teu sorriso e do teu olhar, tão doces e meigos, tão singulares como a sua consorte. Você é tão atemporal e sem comparações com os estereótipos conceituais, mesmo os mais abstratos que às vezes nem em devaneios consigo te descrever”.

Você é meu anjo. Você é a luz que brilha em meus olhos em todos os lugares, em meio à escuridão sinto seu sorriso. Você nunca passou de uma criação da minha imaginação. Nunca tive medo de acontecimentos que realmente não dessem medo, meu coração sempre apontava à direção do seu esconderijo, naquele canto soturno, gélido e vazio.

Com o corpo desnudo e maculado, mas alheio aos preconceitos, encolhia-se no seu mundo cinza, mundo que a fazia arrepiar-se de pavor. Tomada constantemente por calafrios inoportunos, no seu rosto apenas um sorriso vago de um mendicante, na penumbra daquela paisagem sentia o brilho do seu olhar, a súplica estava na sua face, mas não havia ninguém ainda.

Vazio. Aquele canto isolado era seu mundo, sua única realidade, seu desespero, sua angustia, paradoxalmente era sua força, quando se jogava nos braços do silêncio e deixava ser embalado no aconchegante e sombrio vazio que a solidão oferecia com seus suspiros intrinsecamente ligados ao som do seu choro em meio ao silêncio.

Repousava despido de qualquer culpa ou sensação nos braços da solidão e do seu amante o silêncio, um triângulo amoroso dissonante de qualquer outro. Deitada ao lado da sua amante solidão tinha a proteção de nunca machucar ou, machucar-se, a segurança criada para sua vida, mas lá havia um amante muito perigoso, o silêncio que a enlouquecia...

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