O Senhor Tempo


“... ah! Como foi aprazível ouvir tua voz, experimentar tua presença e sentir a alegria do teu sorriso...”


Há quanto tempo sou apenas um avarento com um coração infértil? Quando você se foi senti o sol chorar e se desfazer em lágrimas, desaparecendo e dando vida a escuridão da noite. Lembro-me do teu derradeiro olhar frio e lacônico. Na noite procurei a lua que por tanto tempo fez teus olhos brilharem, mas naquele dia nada via.


Agora sem sol, sem lua e sem as estrelas aguardo perturbado, porém esperançoso, algo desconhecido, mágico, surreal, onírico, enquanto o Senhor Tempo fica correndo todos os dias a minha volta, frenético às vezes, e lentamente em outras oportunidades.


Quero acreditar que o sol está apenas cochilando para poder ter lindos sonhos e nesses sonhos colocar você em meu caminho. Anseio no cochilo do sol que a lua acorde mansamente e com sua noite abrace-me afetuosamente como já fez em outros tempos. Imploro que não carregue o frio e a solidão em seu abraço, apenas a saudade de uma amiga antiga.


Em abstrações mentais peço sussurrante que tudo não passe de um funesto pesadelo, o pior deles, viver sem tê-la, apenas com o coração apinhado de saudade. Saiba, aprendi a contemplar o pôr do sol enquanto esperava para ver o brilho do teu olhar todas às tardes, e o nascer do mesmo para sentir o calor do teu sorriso. Hoje aceito com carinho cada raio de sol como se fossem teus beijos. Na noite as infinitas estrelas me guardam enquanto aguardo você aparecer.

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